Recentemente decidi por recomeçar
a leitura do livro O corpo tem suas
razões, de Thérèse Bertherat, que havia pausado no final do ano anterior por
conta das razões que busco para não entender meu próprio corpo. E então cheguei
novamente ao capítulo em que a autora relata a trágica morte de seu marido. Parei
no momento em que ela entra no quarto do hospital que o esposo se encontra após
cirurgia e relata: “agora ele está numa cama. Seus pés saem para fora do lençol.
Cubro-os. Sei que ele não gostaria de mostrar seus pés aqui”.
Imediatamente me lembrei de um
episódio em que a terapeuta me pediu para colocar no papel características que
desejo encontrar em meu namorado e, na coluna ao lado, aquelas que não se
encaixavam no perfil da pessoa que busco. Ela se referia a um futuro namorado,
pois havia terminado um relacionamento naquele período. A terapeuta achava que
eu precisava entender o que procuro e, como escrever costuma clarear minha mente,
tentou usar esse método.
Achei racional demais na época.
Fazer uma relação das características que espero que uma pessoa tenha? Sair por aí classificando
se alguém possui ou não um item da minha lista particular de características
desejadas não me parecia agradável. Nada feito. Deixei a lista de lado e com
ela a organização das ideias a respeito do assunto.
E então a frase de Thérèse ficou
em minha cabeça por dias, fazendo-me refletir sobre aquele momento da terapia.
“Sei que ele não gostaria de mostrar seus pés aqui.”
Uma frase carregada de amor. De
zelo. De afeto. De conhecimento e entendimento do outro. De compreensão do desejo do ser amado. Uma frase com ação. Ação de estabelecer o
conforto. De respeitar a vontade. De manter a cumplicidade até o fim.
Tão singelas quanto o ato de cobrir os pés,
as poucas palavras me mostraram que já encontrei o que buscava. Há muito tempo.
4 comentários:
Que lindeza! Estas descobertas são muito valiosas...
Saudade de você, Nat! Beijo...
Adorei,profundo..Minha irmã tão madura..adoro vc!
Ô Nat, sua interpretação da frase é linda! Obrigada! Serviu para mim também...
E a-do-ro Thérèse Bertherat.
Beijos!
P.S.: A cara nova do seu blog está muito bacana!
Nossa! Tão singelo e tão forte...
Postar um comentário